terça-feira, 27 de outubro de 2009

Terapia Virtual


Recentemente saiu no jornal Folha de São Paulo uma reportagem sobre atendimentos psicológicos virtuais e suas especificidades (clique aqui para lê-la na íntegra) . Primeiramente preciso dizer que gostei da forma como o assunto foi abordado, pois é uma questão atual e complexa para pacientes e terapeutas.

Hoje termos como notebook, conexão wireless, acesso à internet via celular, webcam, e-mail, Skype e MSN são usados com freqüencia por muitas pessoas e, arrisco dizer, pela maioria dos que leêm este blog. A tecnologia facilita nosso cotidiano: podemos resolver (quase) tudo pela internet, de pagamento de contas a compras de supermercado, mandar mensagens instantâneas para alguém que está na sala ao lado ou para uma pessoa do outro lado do mundo, tudo sem sair da cadeira!

Vemos cada vez mais casos de amizades que começaram em chats e alguns casamentos que aconteceram graças ao mundo virtual. Temos lojas virtuais, cursos virtuais (do curso de culinária ao ensino universitário!), bibliotecas virtuais, golpes e roubos virtuais... Enfim, descobrimos a existência de um mundo paralelo ao mundo real! E lembro que, há alguns anos, isso era tema de filme de ficção científica...

Com esse aumento da tecnologia acessível à população, a Psicologia também entrou na dança e começou-se a pensar na interferência dessa virtualidade no processo terapêutico. Algo que faz parte do cotidiano e é mediador de tantas atividades, obviamente aparece nas sessões de psicoterapia. Mas não é só isso!

Muitas pessoas começaram a se perguntar sobre atendimento psicológico virtual: a praticidade de ser atendido sem precisar se locomover até um consultório, poder escolher o profissional sem se preocupar com a distância ou com horários. A idéia parece tentadora para alguns e assustadora para outros!

Como ficaria a relação terapêutica a distância? E aquilo que chamamos de vínculo terapêutico? E os elementos não-verbais de comunicação (postura, forma de comportamento, gestos, tons de voz)? Parte disso se perde na comunicação escrita, em contrapartida temos microfones e webcams... Acredito que o atendimento virtual pode oferecer algumas vantagens, porém não basta transpor o modelo de psicoterapia presencial para a virtual. A passagem precisa ser feita com calma e cuidado, pensando-se nas questões éticas envolvidas e no real benefício deste modelo para o paciente.

Há estudos nacionais e internacionais que procuram compreender de que forma funcionaria este tipo de atendimento e sua eficácia. Ressalto que o CFP não autoriza a realização de psicoterapia pela internet, a menos que seja parte de uma pesquisa devidamente registrada junto ao Conselho Nacional de Saúde.

Enquanto continuamos pesquisando a psicoterapia virtual, a orientação psicológica via internet já é regulamentada pelo CFP e existem serviços bem estabelecidos, como o NPPi, núcleo da PUC-SP, que orienta o paciente em questões específicas e faz os encaminhamentos necessários. Na dúvida, procure o Serviço de Orientação do CRP de sua região e informe-se!

Pessoalmente, tenho uma certa dificuldade em imaginar um atendimento psicoterápico que ocorra somente via chat ou e-mail, pois valorizo muito o contato olho no olho, as expressões, o tom de voz, o gestual e tudo aquilo que ocorre numa relação interpessoal de forma espontânea. Quando uma pessoa se vê na tela do computador ou escreve uma mensagem, seu comportamento automaticamente muda. Quem nunca escreveu um e-mail, depois releu, apagou, trocou as palavras? E isso tudo tem seu valor numa relação terapêutica.

Este é um dos motivos de eu apoiar as pesquisas sérias para que um possível atendimento psicoterápico virtual seja feito da forma mais adequada possível e de insistir para que as pessoas se informem sobre os serviços virtuais oferecidos por aí e verifiquem se são devidamente regulamentados e aprovados pelos Conselhos regionais e federal de Psicologia.

Saudações Psis

Atendendo crianças

Depois de um longo período sem postar nada, estava pensando sobre o que escrever quando me deparei com um problema: atender criança.

Calma, o problema não é atender a criança, até porque gosto muito de crianças! Mas que material utilizar num atendimento infantil... Fui pega de surpresa com a chegada da criança, pois atualmente atendo basicamente adultos (simplesmente porque esta tem sido a procura). Bom, o caso é que lá fui eu montar minha caixa lúdica para atender e... O que se coloca mesmo na caixa lúdica?? Confesso que fiquei pensando se não estava esquecendo nada e fui procurar na internet um texto que falasse da montagem da caixa. Minha surpresa é NÃO ACHEI um que me ajudasse! Pelo contrário, achei algumas pessoas que também estavam atrás dessa informação... E aqui estou eu, olhando os textos da faculdade e alguns livros atrás disso...

Primeiro quero dizer que a postagem é um guia para os aflitos como eu e não uma determinação do que é certo ou errado, mesmo porque o conteúdo da caixa irá variar de acordo com a idade da criança, com as condições da sala e com as condições e necessidades do terapeuta. Sugestões, comentários e opiniões são sempre bem-vindos!

Certo, vamos lá! Estou usando como texto base o capítulo "A hora de jogo diagnóstica" (referência abaixo), ok?
As autoras propõem que a caixa tenha materiais estruturados e não estruturados como:
  • papel
  • lápis e cor e preto
  • giz de cera
  • tesoura sem ponta
  • massa de modelar de diversas cores
  • borracha
  • cola
  • apontador
  • barbante
  • bonecos
  • bonecos de animais selvagens
  • bonecos de animais domésticos
  • carrinhos
  • aviõezinhos
  • xícaras, píres e colherinhas
  • cubos de tamanho médio
  • giz
  • bola
Elas propõe que a caixa fique aberta e que o material fique fora da caixa, acessível para a criança.

Eu incluí nesta lista, jogos adequados à idade da criança (dominó, dama, jogo da memória, senha, cara a cara, etc), que me permitem verificar a reação da criança ao perder/ganhar um jogo e o raciocínio que utiliza para jogar (estratégias, uso ou distorção das regras, etc).

Além disso, estou usando o livro "Descobrindo Crianças" da Violet Oaklander, que dá idéias incríveis de formas de acessar o mundo infantil e, da leitura do livro, surgem outras idéias de materiais a serem acrescentados na caixa, dependendo da queixa, da idade da criança e da "personalidade" (mais agitada ou tranqüila, gostos, brincadeiras prediletas, etc).

Espero que essa postagem dê uma luz a quem precisa e estimule o atendimento a crianças!

Saudações Psis

Referências

- EFRON, Ana Maria, FAINBERG, Esther, KLEINER, Yolanda, SIGAL, Ana Maria e WOSCOBOINIK, Pola. A hora de jogo diagnóstica. in: OCAMPO, Maria Luisa. O processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2001.

- OAKLANDER, Violet. Descobrindo crianças. Summus Editorial, São Paulo, 1980.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Olha para mim 2

Passado algum tempo desde a última postagem, decidi continuar com a série de vídeos do Gaiarsa chamada "Olha para mim", disponível no YouTube.

Vamos aproveitar a oportunidade para refletir sobre o que realmente é "entrar em contato" e "estar presente". Qual é o tipo de contato que estabelecemos com mais freqüência?





Boa reflexão!


Saudações Psis